quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

As raízes históricas do Carnaval


Para o psicólogo Gerson Abarca “o homem desde a antiguidade tem a necessidade de um frisson coletivo, para viver a realidade como fantasia e a fantasia como realidade”, segundo o psicólogo o homem da antiguidade que de antigo tem somente o nome e o tempo passado, promovia essa festa como um culto para louvar a natureza. No antigo Egito as margens do Nilo, no período próximo ao equinócio da primavera no hemisfério norte, realizava-se uma festa á deusa Ísis e ao touro Apis, com danças e pessoas mascaradas para pedir uma boa colheita. Na Grécia antiga no mesmo período do ano, fazia uma celebração festiva ao deus Dionísio, regada a vinho, danças e sexo.
O carnaval é conhecido por muitos, como os três dias de intensa festa que antecedem a quaresma, mas a história dessa manifestação cultural vem de muito tempo atrás, e tem múltiplas origens. É importante lembrar que nessa festa nem tudo é puro paganismo. Em cada estado do Brasil o carnaval aconteceu motivado por ideais e como forma de resistência das culturas.
Como em São Paulo, que muitos negros saiam as ruas usando a vestimenta das tribos dos Caiapós, indígenas que resistiram á escravização, e saiam fantasiados em dança pelas ruas,como símbolo da resistência á escravidão. No nordeste, o carnaval veio também atrav~es de manifestos dos negros em danças de protesto no ritmo africano, por isso a tendência do carnaval participativo de rua. Em Recife, Bahia e Ceará há muitos grupos de Maracatus que sobrevivem até hoje, saindo as ruas, com as fantasias, os tambores e os cantadores de Loás, o Maracatu Solar, Maracatu Nação Fortaleza e Rei de Paus são alguns exemplos de resistência de maracatus cearenses. Em Todos os carnavais estão em desfile na Avenida Domingos Olimpio. Em Salvador o forte são os trios elétricos, invenção de três amigos, Dodô, Osmar e Temístocles que saíram as ruas em cima da fóbica decorada e eletronicamente equipada, fazendo assim, sua primeira aparição como os inventores do trio elétrico.
Já no Rio de Janeiro a história surgiu em torno do samba que foi um poderoso fator de democratização do estado. De início a elite reage à "manifestação africana". O primeiro samba gravado, tido e reconhecido pela maioria dos pesquisadores de música popular é o Pelo Telefone, de Ernesto dos Santos (Donga) e Mauro de Almeida. A primeira gravação do samba inaugural foi feita para a Casa Edison do Rio de Janeiro pelo cantor Baiano, acompanhado pela Banda da Casa Edison e obteve notoriedade pública no carnaval de 1917, não é a toa que a primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo sambista carioca chamado Ismael Silva, anos mais tarde a escola de samba Deixa Falar se transformou na escola de samba Estácio de Sá e a partir daí o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato, começam a surgir novas escolas de samba tanto no Rio de Janeiro como em São Paulo, a organização se torna mais um ponto forte das escolas, que outrora só se importavam em promover a alegria aos brincantes, os campeonatos passam a ser o foco principal e as produções de fantasias e carros alegóricos passam a movimentar a economia de uma forma nunca antes pensada.
Hoje, pode-se dizer que o carnaval é a maior festa folclórica brasileira, pois é no carnaval que as pessoas soltam seus “bichos”, ninguém tem medo de ser o que quer que seja, tudo é possível e a imaginação é quem puxa as rodas desse trio risonho, que durante três dias, liberta, reinventa e conta a história do passado, através das músicas de marchinhas como as memoráveis: "Ó abre alas" de Chiquinha Gonzaga, Mamãe, eu quero mamar de 1937, composição do alagoano Jararaca, Para Você Gostar de Mim, sassaricando, dentre tantas outras. Além de toda essa historicidade o carnaval é também uma forte atração turística do País.