quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sindicato dos Jornaleiros


O Jornaleiro e as conquistas do Sindicato

Francisco Aragão Marques tem uma alma límpida, suas pupilas parecem brincar a todo instante, dando-lhe um olhar peculiar, bonito e doce. Mas não nos enganemos, este homem com alma de menino, jeito ágil, é um batalhador. Aragão como é mais comumente chamado, tem uma banca de jornais e revistas na Praça do Ferreira. A famosa “Banca do Aragão”, que fica logo ao lado do Dudas Burguer.
Na década de setenta ele trabalhava como securitário (vendedor de seguros), mas decidiu deixar o emprego, sem saber bem que rumo iria tomar. Em certa ocasião passava em frente a banca que hoje é sua, e viu a placa de venda, sentiu uma vontade genuína de comprar, mas não possuía os recursos necessários, foi então que um dia viu a placa de aluga-se na mesma banca, e o negócio deu certo. Ele passou cinco anos sendo arrendatário. Nesse tempo, como ele mesmo afirma, a profissão de jornaleiro já estava dentro dele.
Aragão participava de todas as reuniões da Associação dos Jornaleiros, era um membro ativo da associação, chegando a se tornar presidente do Sindicato dos Jornaleiros, suas atividades no sindicato foram em torno de 18 anos. Ele diz que só saiu da luta sindical por conta de sua saúde, Aragão é hipertenso e por isso também contratou uma ajudante, mas quando começou trabalhava sozinho, muitas vezes chegava a fechar a banca, para poder ir as reuniões do sindicato.
Quando fala do sindicato seus olhos brilham e ele gesticula de forma mais intensa, percebe-se uma alma política. Das muitas lutas na época de sindicato , uma das vitórias foi o aumento da comissão , algo que era em torno de 5%, foi aumentando para 10%, 15% até chegar hoje aos 25 % por cento. Tal feito só foi possível por conta da greve nacional dos jornaleiros, o sindicato dos jornaleiros junto com a federação negociava com os editores.
Aragão reclama dos movimentos hoje em dia, que estão muito fracos, para ele de um modo geral os sindicatos no Brasil estão perdendo a força, por falta de iniciativa das pessoas, falta de participação nos, ele diz que há uma dormência nos ânimos, como se estivessem todos anestesiados, sem forças.
Uma de suas frustrações foi não ter conseguido uma sede para o sindicato dos jornaleiros, que até hoje se situa na ACI (Associação Cearense de Imprensa), quem paga o aluguel são os próprios jornaleiros, que tem um percentual x sobre o salário, que todo mês é descontado na nota da distribuidora.
Outra preocupação do jornaleiro são os dirigentes das regionais que segundo ele sempre tiveram uma visão muito pequena dessa atividade, “Na banca nós vendemos cultura, uma banca de revistas dessa substitui uma secretária de turismo, praticamente.” É o que afirma Aragão.
Aragão é um dos poucos que começou com uma banca e continuou apenas com uma, ele diz não ser ambicioso, da renda de sua banca conseguiu educar seus quatro filhos, e sempre foi feliz com o que tinha. A confirmação dessa verdade é absoluta em cada gesto desse jornaleiro, que fala com tanta empolgação de sua profissão, e parece estar sempre sorrindo, isso é uma verdade irrefutável.

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